Prémio Luis Ferreira Alves celebra a excelência da fotografia de arquitetura com uma cerimónia participada na Casa da Arquitectura
No passado dia 28 de junho de 2025, em Matosinhos, o pavilhão central da Casa da Arquitectura foi o palco para a cerimónia de entrega do Prémio Internacional de Fotografia Luis Ferreira Alves. O evento distinguiu-se pela forte adesão de arquitetos, fotógrafos, estudantes, representantes institucionais e público em geral, bem como pela presença marcante da família do homenageado — filhos, netos e a sua viúva e cofundadora do prémio, Catarina Providência.
A sessão combinou a projeção das séries fotográficas premiadas, intervenções institucionais e um encontro com os membros do júri do concurso: o arquiteto Eduardo Souto de Moura, os fotógrafos Hélène Binet e Paulo Catrica, e o coordenador e curador do prémio, Pedro Leão Neto.
Um tributo partilhado entre memória e futuro
A sessão foi inaugurada por Nuno Sampaio, diretor executivo da Casa da Arquitectura, anfitriã do evento e parceira estratégica do prémio. Na sua intervenção, Nuno Sampaio sublinhou o profundo vínculo afetivo e institucional de Luis Ferreira Alves com a Casa, onde se encontra o seu acervo fotográfico e que batizou com o seu nome a Galeria Luis Ferreira Alves, espaço dedicado à fotografia de arquitetura.
Recordou momentos marcantes dessa relação — nomeadamente a exposição dedicada ao fotógrafo, realizada em vida, e a cerimónia da entrega da Medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo Estado português nas instalações da Casa.
Para Nuno Sampaio, este prémio não é apenas um tributo justo à memória de uma figura incontornável da cultura visual portuguesa, mas também uma forma de reconhecer o papel determinante que a fotografia desempenha na divulgação e valorização da arquitetura:
“O Luis ajudou a dar a conhecer ao mundo o que era — e é — a arquitetura portuguesa.”
Assinalou ainda o sucesso da primeira edição do prémio, patente no elevado número e qualidade das candidaturas internacionais, e elogiou o esforço da organização em erguer um projeto com ambição, rigor e relevância duradoura.
Já Daniela Fernandes, em representação da Câmara Municipal do Porto, sublinhou o orgulho da autarquia em ser promotora da iniciativa desde a sua origem. Destacou a dimensão internacional alcançada logo na primeira edição, e a pertinência do prémio no contexto da valorização da arquitetura e da fotografia como expressões culturais e instrumentos de leitura crítica da cidade e do território.
Anunciou ainda que, como forma de prolongar o impacto do prémio, a Câmara organizará em setembro uma exposição pública com os trabalhos premiados, na antiga Casa da Câmara, num gesto que aproxima, simbolicamente, Luis Ferreira Alves da figura de Fernando Távora, mestre com quem trabalhou de forma continuada.
Na sua breve mas significativa intervenção, Daniela Fernandes enalteceu também o trabalho da organização e a generosidade da família do fotógrafo, destacando ainda a importância de preservar e revisitar os seus registos — como os realizados aquando da reabilitação da Casa do Infante, sede do Arquivo Histórico Municipal.
Jorge Sobrado, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), ofereceu uma intervenção reflexiva em que evocou o escritor Robert Musil, citando uma frase que considera simultaneamente paradoxal e reveladora: “Nada há de mais invisível do que um monumento.” A partir desta ideia, traçou um paralelismo com a arquitetura, que, apesar de aparentemente se impor pela sua presença física, não se revela de forma imediata ou automática. “Nem o património cultural nem a arquitetura se impõem por si mesmas — precisam de médiums, de meios, de intérpretes”, afirmou. Nesse contexto, Jorge Sobrado destacou o papel da fotografia como mediação essencial, e Luis Ferreira Alves como um dos grandes “médiums da arquitetura”. Foi essa qualidade que justificou, para o responsável da CCDR-N, a criação do prémio: não como um gesto de consagração, mas como uma convocatória coletiva à reflexão, partilhada numa rede de parceiros institucionais e culturais. Saudou, nesse sentido, a determinação da Associação Cultural Cityscopio, de Pedro Leão Neto e Catarina Providência, “por nos terem desassossegado e desencaminhado”, levando todos os envolvidos a erguer este projeto comum.
“Nada é tão invisível quanto a arquitetura… a não ser com a fotografia.”
José Pedro Sousa, arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), destacou o papel central que a fotografia assume na cultura arquitetónica contemporânea. Longe de se limitar a um registo documental, defendeu, a fotografia é hoje uma forma de interpretação, crítica e comunicação, capaz de expressar dimensões essenciais da arquitetura, como a luz, a escala, o tempo ou a materialidade.
Citando a fotógrafa Hélène Binet, sublinhou que “a fotografia não mostra a arquitetura tal como é, mas como pode ser sentida e compreendida”, realçando o seu poder emocional e interpretativo. Referiu ainda o pensamento de Beatriz Colomina, segundo o qual a arquitetura já não existe apenas na sua dimensão física, mas também — e cada vez mais — na sua imagem.
É nesse contexto que situou a pertinência do Prémio Luis Ferreira Alves, como projeto que promove uma abordagem crítica, sensível e poética à arquitetura. A FAUP, disse, associou-se com naturalidade à organização do prémio, não apenas para homenagear a figura e a obra de Luis Ferreira Alves, mas também para reforçar o lugar da fotografia como instrumento de produção e difusão de conhecimento arquitetónico.
Num momento de reconhecimento pessoal, José Pedro Sousa destacou o trabalho de Pedro Leão Neto, professor, investigador e coordenador do prémio, cuja trajetória se tem afirmado justamente pela interseção entre fotografia, imagem e arquitetura. “O seu percurso tem sido decisivo para a valorização deste campo, dentro e fora da academia”, afirmou, assinalando o contributo que tem dado à consolidação da fotografia como disciplina transversal no pensamento e ensino da arquitetura.
Em nome da FAUP, concluiu com o compromisso da Escola em continuar a apoiar o prémio e em promover o debate em torno do papel da imagem na construção do discurso arquitetónico.
A voz da origem e da emoção: Catarina Providência e Pedro Leão Neto
A intervenção de Catarina Providência constituiu um dos momentos mais emocionantes do evento. Tomando a palavra em nome da família de Luis Ferreira Alves, num registo íntimo e eloquente, traçou um retrato vívido e comovente do fotógrafo, homem multifacetado, apaixonado pela vida, pelas ideias e pelas pessoas, que viveu intensamente os seus muitos interesses — da fotografia ao cinema, da política à vela, das motas à filosofia.
Recordou o seu compromisso com a liberdade em tempos de ditadura, a sua admiração por Fernão de Magalhães, e o seu orgulho na história portuguesa. Numa analogia simbólica, evocou o Planisfério de Cantino — uma das primeiras representações do mundo conhecido no século XVI — como imagem de um prémio que, seis séculos depois, conseguiu também “circunnavegar o planeta”, recebendo obras de fotógrafos de todos os continentes.
“Onde quer que esteja o seu espírito, o Luis ter-se-á comovido ao ver fotógrafos do mundo inteiro mobilizados em sua homenagem”, afirmou.
Com gratidão e generosidade, agradeceu ao júri, aos parceiros, aos financiadores e, sobretudo, aos 1.495 participantes que deram corpo à ambição de transformar a memória num ato criativo coletivo, concluindo com uma nota de afeto:
“Foi uma aventura partilhar 30 anos da vida feliz e empolgante do Luis. Este prémio prolonga esse legado.”
A intervenção de Pedro Leão Neto, arquiteto, professor da FAUP e coordenador do prémio, foi um dos momentos estruturantes da cerimónia, pela forma como traçou as bases conceptuais e operativas da iniciativa. Num discurso denso e afetivo, agradeceu e enalteceu o papel fundamental de Catarina Providência, viúva do fotógrafo e cofundadora do prémio, cuja adesão desde a primeira hora foi determinante, declarando que “Sem a sua dedicação e visão, o prémio não teria a força nem o significado que hoje já revela ter”. Agradeceu também à Casa da Arquitectura, no nome do seu diretor executivo, Nuno Sampaio, pelo apoio estratégico e pela hospitalidade, sublinhando a relevância de acolher o prémio num espaço com o qual Luis Ferreira Alves mantinha uma ligação profunda e simbólica.
Pedro Leão Neto destacou a importância do prémio enquanto gesto de resistência contra a superficialidade das imagens rápidas e descontextualizadas da contemporaneidade. “Ainda há vontade de parar e olhar, de refletir”, afirmou, lembrando que a essência do concurso reside na construção de narrativas visuais que abordem a arquitetura como processo, território e ideia, e não como simples objeto isolado.
Evocando a singularidade da abordagem de Luis Ferreira Alves, sublinhou que o fotógrafo procurava sempre a luz, a matéria, o contexto e a vida em torno da obra arquitetónica. “As suas imagens comunicam que a arquitetura não é um fim, mas um percurso. E foi essa dimensão crítica, poética e relacional que quisemos transpor para o regulamento do prémio”, explicou.
Reconheceu também o contributo de todos os parceiros institucionais, com especial incidência ao principal promotor do prémio, a Câmara Municipal do Porto, referindo também os outros importantes parceiros institucionais desde a CCDR-N, FAUP, Fundação Marques da Silva, Ordem dos Arquitetos e patrocinadores dos vencedores marca CIN, La Caixa – BPI e Canon, bem como os parceiros estratégicos para a comunicação Metro do Porto e AMAG
Enfatizou, por fim, o caráter excecional da participação: 1.495 candidaturas provenientes de 99 países, que confirmam o impacto global da iniciativa e a pertinência do seu propósito e, num apelo final à continuidade e exigência crítica do prémio, referiu-se à fotografia de arquitetura como um campo de mediação essencial entre a criação arquitetónica e o olhar público, “um antídoto para a banalização da imagem e uma plataforma de pensamento”.
O olhar dos membros do júri: Os vencedores: três visões, três geografias
Hélène Binet e a fotografia como investigação poética
A prestigiada fotógrafa Hélène Binet, uma das vozes mais influentes da fotografia de arquitetura a nível mundial, teve a seu cargo a apresentação dos dois primeiros premiados. A sua intervenção revelou-se um momento de reflexão estética e crítica, que reafirmou a missão do prémio como espaço de pensamento e experimentação visual.
Ao anunciar o 1.º Prémio, atribuído ao fotógrafo iraniano Maho, pela série Paradise Town, Hélène Binet sublinhou a maturidade e a complexidade narrativa do projeto. Realizado numa cidade satélite nos arredores de Teerão, o trabalho distingue-se, nas suas palavras, por uma “delicada tensão entre o retrato da arquitetura e a sua leitura sociopolítica”.
A série apresenta moradias multifamiliares de escala moderada, cujas formas são captadas numa disposição que privilegia a leitura horizontal do conjunto — uma opção compositiva reforçada pela presença imponente das montanhas Damavand no horizonte. Ao regressar várias vezes ao mesmo local, Maho capta a transformação sazonal da luz, da paisagem e da atmosfera, conferindo ao projeto uma estrutura visual quase musical, “como um poema”, nas palavras da jurada.
Mais do que uma representação formal, Paradise Town revela-se, segundo Hélène Binet, como um estudo crítico do espaço habitado: a ausência de infraestrutura urbana, a precariedade funcional dos espaços e os gestos mínimos de apropriação — como uma parede transformada em suporte para anúncios de aulas de matemática — revelam uma arquitetura que, sendo banal, fala de esperança, resiliência e tentativa de vida em comunidade.
“Este trabalho não é apenas pictórico, ou bonito e tecnicamente perfeito. É uma forma subtil de nos fazer compreender o que estamos a ver. É crítica, observação e empatia.”
Na apresentação do 2.º Prémio, atribuído ao francês Cyril Weiner, Hélène Binet destacou a delicadeza e a coerência de uma série que mergulha no universo efémero dos espaços temporários ligados ao teatro e ao circo. Ao invés de glorificar ícones arquitetónicos, Weiner leva-nos a territórios inesperados — estruturas que acolhem espetáculos, construídas para durar pouco, mas plenas de significado emocional e simbólico.
As imagens exteriores, captadas no inverno sob luz suave e contida, transmitem a fragilidade destes volumes, enquanto os interiores revelam uma narrativa silenciosa: da instalação da iluminação aos bastidores técnicos, dos gestos discretos dos técnicos ao vazio expectante antes da representação.
“Estes espaços recordam-nos o cinema de Fellini — esse mundo mágico de luz e sombra onde contamos histórias sobre nós próprios. São arquiteturas de imaginação, onde a matéria desaparece para dar lugar à sugestão.”
Hélène Binet sublinhou ainda que o que mais impressionou o júri em ambos os trabalhos foi a força narrativa. Mais do que belas imagens, tratam-se de séries coesas, com ritmo, profundidade e intenção — projetos que se afirmam como formas de investigação, e não apenas de representação.
“Uma boa fotografia é uma coisa. Uma série coerente e significativa é outra. E foi isso que nos tocou — a capacidade de contar histórias através da arquitetura.”
Com estas palavras, Hélène Binet reiterou a natureza do prémio como espaço de resistência à velocidade visual contemporânea, chamando à atenção para a fotografia de arquitetura como disciplina autónoma, exigente e profundamente ligada ao mundo que habitamos.
Um atlas provisório de Berlim: o olhar insistente de Sergio Belinchón
Coube a Pedro Leão Neto apresentar o projeto distinguido com o 3.º Prémio, atribuído ao artista visual e fotógrafo espanhol Sergio Belinchón, residente há vários anos em Berlim, pela série Provisional Atlas of Berlin. O trabalho, resultado de quatro anos de investigação visual continuada, foi descrito como uma obra de notável consistência formal e conceptual, que se afasta de uma perspetiva episódica para construir uma narrativa visual coesa sobre uma cidade em mutação permanente.
Destacou o modo como o autor aborda a arquitetura como documento e como sintoma, revelando as tensões da Berlim contemporânea: entre escalas, entre programas, entre tempos históricos sobrepostos. Com um conjunto limitado de sete imagens — como previsto no regulamento —Sergio Belinchón conseguiu, segundo o coordenador do prémio, “comunicar de forma clara e subtil as transições sociais e espaciais de uma cidade que permanece inquieta, marcada por camadas de memória, destruição e reinvenção.”
As imagens evitam o grandioso ou o espetacular: não há monumentos, nem figuras humanas centrais. O que se vê são indícios — fragmentos de espaço, rastos de uso, superfícies marcadas pela passagem do tempo, que dão conta da vida urbana sem a representar diretamente. “As pessoas não surgem, mas fazem-se sentir nos sinais que deixam”, sublinhou Pedro Leão Neto, referindo-se ao caráter indiciário da série.
Do ponto de vista técnico, destacou ainda o rigor compositivo e o domínio da luz, bem como a capacidade de equilibrar uma leitura documental com uma linguagem visual autónoma, capaz de transcender o mero registo.
Eduardo Souto de Moura, membro do júri e autor de renome internacional, interveio a seguir para comentar a distinção e reforçar a importância do trabalho selecionado.
Revelando que sugeriu a distinção do trabalho desde cedo, reconhecendo que houve reservas iniciais quanto à originalidade do tema, dada a profusão de representações fotográficas de Berlim. Contudo, “a coerência entre as imagens e a abordagem silenciosa e rigorosa do autor acabaram por nos convencer a todos”, afirmou, sublinhando o valor do projeto e o consenso alcançado no seio do júri.
“Há quem diga que este tema já está esgotado. Que Berlim foi vista e revista. Mas exatamente por isso é que me impressionou a forma como estas imagens conseguiram escapar ao cliché, sem recorrer a estratégias forçadas. Há aqui uma coerência notável, uma unidade silenciosa que nos prende. Eu lutei por ele.”
Com esta afirmação, Souto de Moura sintetizou a essência do projeto: um olhar disciplinado, atento e contido, que evita o excesso e o dramatismo para revelar a arquitetura como palimpsesto social, onde o passado e o presente se sobrepõem de forma densa, mas não explícita.
Menções especiais: novas geografias e novas vozes
Paulo Catrica apresentou as duas menções especiais atribuídas pelo júri a trabalhos realizados por fotógrafas — uma decisão consciente, segundo o próprio, que visou também sublinhar a sub-representação das mulheres na fotografia de arquitetura e o contributo singular dos seus olhares.
A primeira menção distinguiu a jovem iraniana Sana Ahmadizadeh, autora do projeto Hidden Land. Nas suas palavras, trata-se de um “pequeno modelo do Irão contemporâneo”, onde a arqueologia, a memória e a repressão se entrelaçam. As imagens documentam uma paisagem que esconde camadas de história iraniana sob a vegetação e as ruínas de antigas cidades e edifícios agora interditos.
Catrica leu um excerto da autora:
“Este lugar é um pequeno modelo do Irão contemporâneo, edifícios enterrados sob a vegetação, restos de aparelhos que foram manchados ou eliminados devido às normas do novo governo… regressei como estrangeira para melhor compreender a convergência de períodos da história e o local onde outrora vivi.”
A segunda menção foi atribuída a Amélia Lancaster, arquiteta e artista visual, pelo trabalho desenvolvido sobre o National Theatre, em Londres, do arquiteto Denys Lasdun.
Segundo Eduardo Souto de Moura, que apoiou a distinção, este é “um trabalho abstrato a partir da realidade”, dividido em três subconjuntos — Beautiful Brutalism, Reduction e Negatives — que, através da manipulação cromática e do contraste, reconfiguram a perceção do edifício brutalista. “É lindíssimo”, disse Souto de Moura, acrescentando que parte deste trabalho foi já exibido no próprio National Theatre.
Apelo à continuidade e encerramento com emoção
O arquiteto Eduardo Souto de Moura encerrou a apresentação com um apelo à continuidade do prémio e à consolidação de parcerias que garantam a sua sustentabilidade futura.
“O prémio deve continuar. Não é um gesto de circunstância, mas um compromisso com a qualidade, a memória e a crítica na arquitetura.”
Por fim, Catarina Providência, visivelmente emocionada, agradeceu a todos os envolvidos e recordou com palavras sentidas o legado de Luis Ferreira Alves — fotógrafo, ativista, humanista — cuja memória vive agora também neste prémio que já na sua primeira edição “circunnavegou o mundo”.
Uma plataforma com identidade e ambição
O Prémio Luis Ferreira Alves afirma-se, desde já, como um espaço internacional de pensamento visual e cultural sobre a arquitetura. Mais do que um gesto de homenagem, constitui uma convocatória crítica à reflexão sobre o papel da imagem na construção do olhar arquitetónico contemporâneo.
Numa época marcada pela produção incessante de imagens efémeras e descontextualizadas, este prémio propõe — nas palavras do seu coordenador, Pedro Leão Neto — “parar e olhar, com outro tempo, e mais importante ainda, refletir sobre a fotografia e sobre a arquitetura”. Essa é, aliás, a matriz filosófica do concurso: comunicar a excelência da obra e da pessoa de Luis Ferreira Alves e, em simultâneo, oferecer um entendimento profundo do que é a fotografia de arquitetura e do que pode ser a arquitetura através da fotografia.
Assente numa rede de colaborações institucionais e artísticas, e alicerçado numa visão exigente e poética, o prémio projeta-se como uma plataforma com identidade, rigor e ambição cultural. Um espaço que, à imagem de Luis Ferreira Alves, acredita que ver com atenção é também uma forma de pensar, de construir e de transformar o mundo que habitamos.