Frequent whites
maho*
Primeiro Prémio
Na sombra do Monte Damavand, onde o mito e a memória se encontram, ergue-se uma cidade de repetição e resiliência.
O ritmo austero dos blocos de apartamentos brancos de Pardis, uma cidade satélite nascida relutantemente do transbordar da densa respiração de Teerão. Estes edifícios - idênticos mas únicos na forma como a luz, a estação e o silêncio tocam as suas fachadas - são testemunhas silenciosas de uma narrativa humana de deslocação, resistência e procura de pertença. Situada no sopé das montanhas de Alborz, Pardis é simultaneamente um limiar geográfico e psicológico. Não é uma cidade nem um subúrbio, nem uma promessa nem um exílio. Construídas para albergar as migrações forçadas da população em expansão de Teerão, estas estruturas encarnam um sonho utilitário - uma arquitetura nascida não da ambição mas da necessidade. E, no entanto, na sua repetição, no seu pálido anonimato, emerge algo de poético.
Fotografei estes edifícios ao longo das quatro estações - sob céus carregados de neve, através da névoa dourada do outono, no meio do calor e do verde do verão e no vibrante renascimento da primavera. A mudança do tempo torna-se uma metáfora visual do clima emocional e social - momentos de claridade e obscuridade, de calor e isolamento. A geometria das janelas, a simetria das varandas, a ausência de ornamentos - estes pormenores tornam-se personagens de um drama silencioso que se desenrola contra o olhar sempre presente de Damavand, a antiga sentinela do Irão.
Estes edifícios são sobre a condição humana refractada através da sua forma arquitetónica. São uma meditação visual sobre a migração, a memória e as estruturas frágeis que construímos - física e emocionalmente - para abrigar as nossas vidas. Nestas imagens, procuro não só documentar um espaço, mas também evocar a atmosfera psicológica de um lugar onde a modernidade, a natureza e a deslocação colidem.